[manifestações de apoio] Carta de Ludmila, na lista festivalvulvalavida

Meninas, estou bem atarefadas, mas tentarei dar uma opinião rapidinho, sem muita possibilidade de escrita complexa.

Primeiro, Mari, acho completamente legítimo que quando vc se sentiu confortável para contar e denunciar o que ocorreu com vc, que vc o tenha feito. Força neste momento onde algumas pessoas acharão que não cabe a vc esta legitimidade por ser tardia ou por “atrapalhar o MPL”. [em comentário à Carta aberta para o MPL, feministas contra o aumento e afins de Marina Paiva]

Segundo, fico completamente entristecida em saber que as meninas do MPL SP escreveram esta carta-resposta. A impunidade contra homens sexistas beira o absurdo, pois se fosse de homem contra homem rapidamente iriam na delegacia, acionariam um lesão corporal e diriam que ele não merece mais participar de um coletivo que se diz libertário pq usou violência. Como é contra uma garota, dizem que elx se arrependeu, que não fará de novo, que ira ao psicólogx e que está tudo bem. O machismo e violência contra as mulheres não é um problema psicológico e sim social, portanto pedir que o cara vá ao psicólogx não irá mudar nada se a sociedade que o cerca continua legitimando e achando natural o que elx faz.

JUSTAMENTE por conta desta forma de lidar com o sexismo é que o escracho contra casos de violência contra mulheres foi criado há muuuuuito tempo atrás – funcionando tb em outros contextos comunitários  – e tem tido efeitos bons sim. Primeiro porque evita que estas atitudes que citei acima sejam as únicas consequências para o dito cujo – e não estou pensando aqui em uma lógica punitiva, mas uma lógica de direitos humanos, onde não aceitamos que pessoas que compõe grupos vulneráveis sejam vilipendiadas sem resposta – e segundo porque põe em discussão um assunto que todo mundo quer esconder, vide o bafafá que estão causando estes emails.

Se a comunidade onde deveria ser nossa zona de conforto não nos conforta (e com certeza foi por isso que as meninas que organizaram o escracho não entraram em contato com outras mulheres, pois nem entre nós nos sentimos confortável), o escracho é um meio sim de dizer que não iremos mais aceitar viver com medo de macho, até nos espaços de militância.

Grande bejx e morro de saudade de vcs…

L.

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