Na última quarta-feira (30/03) uma rede de feministas autônomas que se integra na luta contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo e contra as políticas do Kassab foi às ruas denunciar um caso de agressão contra mulheres. Durante a concentração para o 11o ato contra o aumento, na Praça do Ciclista, elas distribuíram panfletos denunciando um agressor de dentro do Movimento Passe Livre e levantaram um cartaz próximo ao militante com a escrita: AGRESSOR MACHISTA.Denunciar o Xavier (Rafael Pacchiega) é parte de uma ação direta de auto-defesa feminista, e foi necessária pela total omissão do MPL diante do fato. As mulheres se incomodam de continuar seguindo ao lado de um movimento que se diz libertário, contra o governo, mas que acoberta e acolhe uma atitude como esta, e exigem um posicionamento público quanto ao que ocorreu.
Sabemos que a agressão foi realizada contra mais de uma mulher – é, portanto, algo recorrente – porém ela extrapola estes fatos pontuais, pois diz respeito a milhares de pessoas: UMA AGRESSÃO CONTRA UMA MULHER É UMA AGRESSÃO A TODAS NÓS. Um mundo sem catracas, mas com machismo, não é um mundo que as feministas querem ajudar a construir: agressões também são uma catraca.
Nós da Fuxicaria Feminista (Coletiva Feminista da História e Geografia USP) apoiamos a ação da rede de feministas autônomas. Entendemos que as agressões contra mulheres não podem ser tratadas como um problema pessoal ou de âmbito privado. Enquanto essas questões permanecerem veladas e distantes do espaço público não temos como dar respostas políticas ao machismo.
O que acontece concretamente não pode ser tratado de maneira abstrata. O machismo não é somente uma sombra de partes obscuras da sociedade, ele está presente em pessoas reais, e que muitas vezes, e infelizmente, ocupam espaços de resistência em movimentos sociais. A política é formada pelo coletivo…mas o coletivo é formado por indivíduos e por suas experiências e valores políticos. Tais movimentos não podem tirar o sujeito das agressões da cena de discussão: isto tem que ser posto às claras. Não podemos fingir que nada aconteceu.
A informação do ocorrido está circulando em diversas redes feministas, e a Fuxicaria, em concordância com a ação, se sente na obrigação de passar a informação adiante. Soubemos que algumas das envolvidas estão sendo retaliadas pessoalmente pelo que aconteceu, como se fossem as únicas responsáveis pela denúncia e, por este motivo queremos, mais uma vez, reforçar que esta foi uma auto-defesa COLETIVA.
Damos o nosso apoio e força à todas as mulheres envolvidas! Veja mais no site:
http://feministascontraoaumento.noblogs.org
São Paulo, 02 de Abril de 2011.